blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

sábado, novembro 29, 2003

Pssssiiiiuuuu…

Vou ali fazer do meu marido, o meu Marido, ou, vou tornar o nosso casamento fora-da-lei num casamento conservador, ou, vou fazer do Carlos um homem decente. Enfim, vou ali casar-me e já venho. Não esperem por mim acordados.

sexta-feira, novembro 28, 2003

Contracharada: falta um dia.

quinta-feira, novembro 27, 2003

Cenas da vida conjugal

- Então? A última prova como foi?
- Lindo...
- E explicaste-lhe que a cor é uma convenção e que rosa não significa rosa etc.?
- Sim, falei-lhe de Wittgenstein.
- E ele?
- Contou-me tudo sobre as tuas ex-namoradas.
Queridos leitores

Sei que não tenho escrito muito. Recebi algumas mensagens de preocupação por me acharem demasiado séria e triste. A verdade é que estou muito angustiada. Mas a seriedade que a ocasião impoe nada tem que ver com tristeza, mas com uma nervoseira que não vos digo nada. Rebento de alegria. Daqui a uns dias explico melhor. Obrigada por continuarem a ler o que aqui vou escrevendo.

Beijinhos grandes,
Carla

terça-feira, novembro 25, 2003

Pom pom pompom, pom pom pompom, pom pom pompoooom...

segunda-feira, novembro 24, 2003

Muito interessante o texto do Aviz sobre a blogosfera. As palavras do Francisco José Viegas são sempre doces. Escrevi em tempos um texto sobre a blogosfera e não publiquei por achar, afinal, demasiado violento e despropositado. É que temos de saber viver com a liberdade. Por vezes, é preciso ser violento. Mas por hábito, há que ser doce.

domingo, novembro 23, 2003

Gostei muito da entrevista na SIC Notícias ao escritor António Lobo Antunes. (Descansem os que não viram porque repetem com certeza.) A propósito das palavras de Lobo Antunes, lembrei-me da palavra texné, que significa arte em grego (técnica), e de poiesis, que significa poesia (do verbo poiéo, que significa fazer). Gostei da entrevista porque me disse coisas bonitas. O costume quando se gosta de alguma coisa.
O texto sobre a utilidade da leitura, escrito pelo Pedro Lomba, pede, como todos os textos com interesse, que seja tratado como um cadáver pronto a ser autopsiado. O que é a interpretação senão uma autópsia? "Hm... morreu de excesso de adjectivos", é uma frase improvável mas até possível na actividade crítica.

Passemos ao corpo. O Pedro indigna-se com a quantidade de escritores que agora desataram a publicar feitos loucos. Ora se publicam é porque há interesse por parte das editoras em publicá-los e é porque o mercado aguenta com essa quantidade toda e mais que venha. Pois eu, ao contrário do Pedro, dou as boas-vindas a todos os novos autores. Só pela diversidade podemos reconhecer a qualidade literária (que é, de facto, pouca). Escrever dá muito trabalho e o resultado é muitas vezes uma merda. Dar 15 euros por um livro que demorou não sei quanto tempo a escrever é equivalente a nada (concordo com o Miguel Esteves Cardoso quando disse isto numa entrevista ao JPC). Compramos barato um dos trabalhos mais sofridos e custosos de sempre. Mesmo quando o livro é uma porcaria (ou seja, mesmo quando o livro não nos diz nada), é barato.

O texto do Pedro tem quatro golpes: "Quererão os novos autores ser «pessoas especiais» ou «pessoas boas» como são pretensamente os escritores? Quererão exibir inteligência e finura de espírito? Ascender socialmente? Ganhar dinheiro?" São quatro perguntas às quais cada um responderá de maneira diferente. À partida depende do escritor.

Insisto e tento. Julgo que podemos desde já excluir a quarta pergunta. Na minha vida tenho uma máxima que é esta: value for money. E não sou escritora. A maioria dos escritores não percebe o mercado (como percebem, por exemplo, a Margarida Rebelo Pinto ou a J. K. Rowling) e assim nunca ganha o correspondente ao trabalho que teve e à felicidade que deu aos seus leitores.

Quanto à ascensão social parece-me haver uma confusão no texto do Pedro.

A exibição de inteligência é legítima. Qualquer pessoa pode exibir o que quiser (err... bem, nem tudo, senão vai preso). E nós somos livres de escolher aqueles que, para nós, têm mais qualidade. Claro que há pessoas que decidem o que é bom, o que é a boa arte, a boa literatura etc. E nós lá andamos. Seguimos ou não essas decisões.

Quanto à primeira pergunta, não sei. Sinceramente, não sei o que querem os escritores. E, muito provavelmente, nem eles sabem. Mesmo que o digam.
Escrevi ontem um post em que falava da única distinção que faço entre as pessoas: inteligentes e medíocres. A distinção não é simétrica (mas um post é só um post): o antónimo de inteligência é estupidez ou idiotice ou seja o que for. Há pessoas inteligentes medíocres. É o caso das pessoas incapazes de eficiência (leia-se, de porem a inteligência em prática).

A este respeito, recebi a seguinte mensagem do Miguel: "As pessoas medíocres e inteligentes não abarcam a maioria das pessoas... Onde ficarão afinal as não-inteligentes-de-bom-coração?"

A verdade é que em cerca de 15 anos de vida adulta, nunca conheci ninguém bondoso que não fosse inteligente. Tive sorte. Daí fazer a distinção com este à-vontade. De maneira inconsciente, é provável que associe a inteligência à bondade, embora haja vários exemplos que provam que a maioria das pessoas não são não inteligentes de bom-coração.

sábado, novembro 22, 2003

Na leitura integral que fiz do blogue Seta Despedida agradou-me o tom tranquilo e sorridente. Reconheci ainda o gosto que a autora tem pela língua portuguesa, pela maneira bonita como trata as palavrinhas. A propósito do título todos os poemas são epitáfios, pergunto à Alexandra o que pensa deste:

This is just to say

I have eaten
the plums
that were in
the icebox

and which
you were probably
saving
for breakfast

Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold

William Carlos Williams
O Torneiras de Freud é um excelente blogue: diverte-me. Foi lá que descobri este teste, que o Torneiras descobriu no little black spot que por sua vez terá descoberto... Será que dá o mesmo tema a todos?

cuts
You are "Cuts You Up"

Wise to the way the world works, you are definately
not naive... Perhaps you have been burned in the
past, but a recent person or event gives you
hope.


Which Peter Murphy song are you?
brought to you by Quizilla
Para mim (whatever that means), não há nenhuma diferença entre homens e mulheres (além das óbvias, naturais e bem-vindas); há uma diferença fundamental entre pessoas medíocres e pessoas inteligentes. Esta é, provavelmente, a única distinção que faço.
E serão os miados muito diferentes de uma queixa de um hipocondriaco? Nesse caso, o que é a psicologia? O que é a psicanálise? Será a tentativa de atribuir um significado a cada miado de um ser humano?
Nunca percebo o que significam os miados do gato Varandas. Aceito que não posso perceber. Não me pertencem. Não lhes atribuo nenhum significado.
O amor precisa do silêncio ocasional. Isso aprende-se com o tempo (claro). As muitas palavras podem perturbá-lo, fazer com que julgue que é menos amor. E induzi-lo a algo que não é verdadeiro. O silêncio pode significar desprezo. Quando há desconfiança. Nunca quando há amor. E isso é fundamental perceber. O silêncio pode ainda pura e simplesmente significar silêncio. E nada mais.
O Nuno Mota Pinto tem um linque muito bom para as cartas de James Joyce para a mulher Nora Barnacle, a provar que um escritor é sempre um escritor, escreva este o que escrever.

quarta-feira, novembro 19, 2003

O Pedro Mexia hoje refere-se ao bomba assim: "Pessoalmente, acho que uma pontinha de futilidade tem a sua graça; o encanto do Bomba Inteligente é essa mistura entre o mental e o mundano (ou, como diz um amigo meu, «entre o mestrado e a menstrução»)." As palavras do Pedro são carinhosas e inteligentes. O que me chamou a atenção foi o comentário do amigo do Pedro. A analogia entre mental e mundano ser mestrado e menstruação é surpreendente (embora perceba perfeitamente o trocadilho). Por um lado, mostra uma esperança académica insólita: mental e mestrado análogos? Basta ver os mestres que temos. Agora, para relacionar mundano e fútil com menstruação é preciso ter uma vida atormentada. Será o amigo do Pedro Mexia um poeta dito maudit? Ou apenas terá problemas na zona? Pedro, que Deus me proteja dos trocadilhos dos amigos que dos trocadilhos dos meus inimigos trato eu.
Começo (e não sei se acabo) o dia por dar as reboas-vindas ao casado Fora da Lei e ao Socio[B]logue. Dois beijos.

terça-feira, novembro 18, 2003

Dong dong dongdong, dong dong dongdong, dong dong dongdooong...
O João Pereira Coutinho acedeu muito gentilmente ao meu pedido de esclarecimento da questão sobre o conservadorismo e enviou-me o texto que agora publico. Obrigada, João.

"Aquilo que a Carla escreve é a velha disposição conservadora - os teóricos chamam-lhe «conservadorismo natural» - que constitui a base do pensamento conservador propriamente dito: saber que, por cada mudança anunciada, há uma perda prometida - e consequente reacção. Oakeshott (sempre ele...) capturou tudo isso no clássico On Being Conservative, que é muito mais do que um texto de filosofia pura. É um ensaio literário devastador que funciona, implacavelmente, como inspiração para quem o lê.

Claro que nada disto é pacífico. Quando se fala de conservadorismo, existem essencialmente três formas de encarar o fenómeno.

A primeira é a visão tradicional, que olha para o pensamento conservador como uma forma de proteger interesses particulares - interesses associados a pessoas detentoras de poder ou estatuto. É a visão herdeira de 1789 e das lutas posteriores entre partidários da coroa e republicanos revolucionários. Uma visão que ficou: não admira que, hoje, quando se discute a «doença» do conservadorismo, os detractores acusem os conservadores de protegerem apenas interesses seus contra a vasta massa ignara.

Depois, existe uma segunda «escola» que olha para o conservadorismo, não como defesa de classe - mas como um sistema de valores («ontológico», dizem os sábios) que pode funcionar para todas as classes. É o conservadorismo de cardápio, que gosta de aplicar a todas as situações da realidade a mesma hierarquia de valores. Pode ser a família, a Pátria, a Igreja, blá, blá, blá, conhece a conversa. É um conservadorismo monolítico que acredita - erradamente, je pense - que a realidade é uniforme e as necessidades reais são uniformes também.

E depois existe uma terceira forma de olhar o pensamento conservador. Uma atitude reactiva que, alicerçada nesse seu «conservadorismo natural», questiona a mudança - mas não procura aplicar a ela, como nas duas vertentes supracitadas, o mesmo standard de valores. Não falo aqui de relativismo puro, em que as circunstâncias determinam os valores. Falo de uma atitude essencialmente plural que, embora reconhecendo a universalidade de certos valores basilares à vida humana (que devem ser protegidos SEMPRE), abre espaço para particulares concepções de vida - quer a nível social (baseadas nas tradições de comunidades específicas), quer a nível individual. É a única posição legítima, acho eu, para defender uma posição conservadora «real»: afirmando certos valores universais que devem ser protegidos e defendidos, embora reconhecendo a pluralidade da existência humana nas suas dimensões sociais e individuais. Reagimos à mudança quando sentimos que a mudança implica perda. Mas acomodamos a mudança - e acomodamo-nos à mudança - quando somos capazes de reconhecer que esta não só não ameaça os valores fundamentais da existência humana, como é apenas parte da sua diversidade - e, no extremo, da sua riqueza também. Como ter bordéis à porta de casa. Dão mau nome ao bairro - mas, em contrapartida, é sempre bom saber que, em caso de emergência, temos tudo à disposição num raio de cem metros: farmácias, lojas de conveniência, putas brasileiras etc. (machismo, claro)."

segunda-feira, novembro 17, 2003

Du du bidu, du du bidu, du du biduuuu...
Hm... este conceito do blogomonstro da Papoilinha é divertido. Era engraçado fazermos da blogosfera um confronto entre maus e bons, com os maus a caírem sempre num panelão borbulhoso de ácido sulfúrico e os bons a casarem e a reproduzirem-se, com palácios em Sintra e limusines.

Por mim, chegaria a esses blogomonstros e diria: "Mau blogue! Mau! Leva tautau. Ai, ai!" E pronto.
Di di didi, di di didi, di di didiiiiii...
Numa brevíssima interrupção entre a cantoria e os testes, leio o texto de hoje do João Pereira Coutinho sobre a série britânica The Office. Quando percebi que iam dar a série no sábado all over again até tremi. É precisamente por ser tão estupidamente próxima do quotidiano que não a suporto. Porque todos já conhecemos a inércia da recepcionista, a chico-espertice e a mediocridade dos funcionários, o massajar de gravata do chefe. Percebo que se ache piada. Eu fujo dela como o diabo da cruz.

domingo, novembro 16, 2003

O Torneiras é o responsável por esta calúnia infame!

breast implants!
YOU HAVE BREAST IMPLANTS!


What's YOUR deepest secret?
brought to you by Quizilla
O que eu quero agora saber é a que filme pertence o Abrupto e, já agora, se fosse um deus grego, qual seria. E a mesma curiosidade vai para a rapaziada do Barnabé. Toca a fazer os testes!
Miau miau, miaumiau, miau miau, miaumiau, miau miau, miaumiaaaau...
And (maybe) last, but not least...

CWINDOWSDesktoptarzan.jpg
Tarzan!


What movie do you belong in?
brought to you by Quizilla
Boing boing boingboing, boing boing boingboing, boing boing boingbooooing...
Afinal não sou a Palas Ateneia! Buá!

nemesis
Nemesis


Which Of The Greek Gods Are You?
brought to you by Quizilla

sábado, novembro 15, 2003

Contracharada: o Torneiras anda completamente enganado. Faltam 13 dias. Treze.
Tu tu tutu, tu tu tutu, tu tu tutuuu...

sexta-feira, novembro 14, 2003

O Terras do Nunca acha que a minha cantiguita de ontem era tirada de um tema de Simon and Garfunkel. Mas não foi. Talvez devesse ter cantado tan tan tantan, tan tan tantan, tan tan tantaaaan...

quinta-feira, novembro 13, 2003

Lai lai lailai, lai lai lailai, lai lai lailaaaai...
Leio no Contornos que a mãe e a sogra da autora nasceram no dia 13 (parabéns desde já à sogra Madalena - sim, na blogosfera, isto é permitido e, diria mais, correcto). E o que dizer quando o marido e o pai têm o mesmo nome? Talvez que Édipo era um menino?
"Equilibradíssima Charlotte", diz o Homem a Dias. Get outta here...
Não há direito. Primeiro leio que a Amélia se vai embora porque blá, blá, blá encontrou o marido e a demanda deixou de fazer sentido. Ando o dia todo numa tristeza que só visto. Amélia, querida, não faças isso. Casa-te mas continua com a mentira. Não desistas da mentira, Amélia (é favor ler esta frase com tom dramático, ligeiramente gritado)!

Agora leio no blogue da Papoila que conheceu o Bom Selvagem e que nha, nha, nha não diz quem é. Há pachorra? Gngngngngngngn...
Leio a seguinte charada no Torneiras de Freud: "Faltam 23 dias. Querem saber? Pois eu não digo! Ih ih ih!" Não faltam não! Faltam precisamente 15 dias. Nem mais nem menos.

quarta-feira, novembro 12, 2003

A prova

Quando um estilista diz "o vestido é lindo" isso é diferente de eu, por exemplo, o dizer? Hoje, na primeira prova de um vestido importante, pensei várias vezes nisto. Embora o estilista conheça mais vestidos do que eu (ou seja, é um apreciador de vestidos), a frase "o vestido é lindo" é semelhante a um gesto, a uma expressão. O estilista diz "comprido, mas que se veja o sapato" ou "mais cintado e depois a abrir" e dá indicações à costureira que, certeira, marca tudo com alfinetes. Observo expressões de desconforto como "não, está demasiado cortado na saia" e "não pode abrir tanto". Há um desconforto que é aos poucos atenuado, mesmo que não se perceba bem a causa desse desconforto (cf. LW, Aulas e Conversas, tradução de Miguel Tamen, Cotovia). Neste caso, talvez não seja importante saber a causa. Ou melhor, não é possível sabê-la.

Depois da prova, conta-me uma história de uma cliente que tem 150 kgs e que está quase a chegar. Diz que está cheio de medo da sugestão que fez porque "as pessoas julgam que sabem o que são, mas não sabem, mesmo quando se olham ao espelho". Decido que estou nas melhores mãos do País.
The truth, the whole truth and nothing but the truth, so help me God.

Personality Disorder Test Results
Paranoid |||| 14%
Schizoid |||||||||||||| 54%
Schizotypal |||| 14%
Antisocial |||||||||||||| 58%
Borderline |||| 18%
Histrionic |||||| 30%
Narcissistic |||||||||| 38%
Avoidant |||| 18%
Dependent |||||| 22%
Obsessive-Compulsive |||||||||||||||| 70%
Take Free Personality Disorder Test

terça-feira, novembro 11, 2003

O Fruto Xocolaty enviou-me um teste de personalidade. Desta vez o objectivo era ver que personagem do Matrix seria. Aqui está o resultado. E eu que gostava era de ser o Keanu "Canastrão" Reeves. Damn!

You are Trinity-
You are Trinity, from "The Matrix."
Strong, beautiful- you epitomize the ultimate
heroine.


What Matrix Persona Are You?
brought to you by Quizilla

domingo, novembro 09, 2003

O Torneiras de Freud é um muito bom blogue (é favor dizer muito bom blogue três vezes seguidas e depressa e ver o que acontece). Bem-vindas à blogosfera!
Nunca a crítica foi tão doce, divertida e carinhosa como no texto do maradona sobre o João Pereira Coutinho. Vão lê-la!
O Pedro Mexia perguntou-me no dia do lançamento do livro do Pipi quem tinha tido a ideia dos crachás que tinham escrito "eu é que sou o Pipi" e que eram distribuídos a todas as pessoas que entravam no Maxime. Respondi-lhe que não me lembrava. Ontem, ao ver pela primeira vez na vida o filme A Vida de Brian, lembrei-me de quem foi a ideia: dos Monty Python! "I'm Brian! No, I'm Brian! No, I'm Brian and this is my wife who is also Brian." Preparo-me para ver hoje o filme pela segunda vez.
Desmentidos

Gosto muito de desmentidos. É por isso que respondo sempre que há uma suspeita de que me faço passar por outra pessoa. É uma questão de vaidade feminina pura e simples esta de querer esclarecer que não sou este ou aquela porque entretanto chamo a atenção para a acusação. Há uns tempos recebi e-mails a dizer que eu era o Pipi. Senti-me tão lisonjeada que me apressei a desmentir tudo também por e-mail. Mas que maravilha, que honra, ser confundida com o Pipi. Mas não.

Correm também há algum tempo rumores de que sou a Amélia. Meus queridos, muito obrigada pelo elogio. Gosto tanto da Amélia. Seja quem for a autora (ou o autor) de tão brilhante personagem, é um privilégio ser confundida com ela. O humor da Amélia é doce e faz bem. Uma delícia. Falaria eu assim de mim própria? Haja pudor!

Também um tal de Cafajeste, a quem dou desde já uma beijoca de boas-vindas à blogosfera, me confunde com a Papoila, de quem sou amiga. Calma, Cafas! Então e as perguntas que a Papoila me faz e que eu respondo e não respondo e os comentários que faço no blogue dela? Pufavô... É que não tenho jeitinho nenhum para a ficção. Tenho horror à construção de personagens e não sou escritora. Gosto de escrever. É diferente.
Ando preocupada. Estarei a tornar-me conservadora? Pois para responder a esta pergunta (conto com a ajuda do João, do Carlos e do Nuno) preciso de falar um bocadinho (muito pouco) sobre a minha atitude na vida. Dou um exemplo. Há uns meses, mesmo por baixo do prédio onde moro, abriu um bar de strip. No início, não vi o caso com bons olhos. Pensei que o sítio atrairia uma chungalhada que não interessava ao bairro, que ia haver barulho, além de a fachada branca e horrível do bar destoar completamente dos edifícios que o rodeavam. Digamos que a minha recepção ao bar foi equivalente a um franzir de sobrancelha.

O tempo passou. As famílias do prédio em que moro uniram-se na luta contra a imoralidade que ali se passava e inventaram uma petição ou qualquer coisa do género para expulsar as russas e as ucranianas dali. Novo franzir de sobrancelha. "Eu não assino", respondi. "Agora habituei-me ao bar e até acho que o porteiro é bom para o bairro. E as raparigas são só preguiçosas que não fazem mal a ninguém." Houve mais quem respondesse da mesma maneira e a intenção dos reaccionários (a palavra está mal utilizada?) não foi cumprida.

Não será esta uma atitude conservadora? Primeiro desconfia-se da mudança. Depois aceita-se a realidade e, sobretudo, nada se faz para a alterar. Ora se é assim, então o conservadorismo como opção política parece-me ineficaz porque este adiamento constante de decisões não é compatível com a necessidade de soluções diárias que os problemas de qualquer país precisam. Mas no dia-a-dia parece-me uma atitude sábia; aquela que nos dá mais tranquilidade.

A verdade é que nunca fui grande provocadora de mudanças, mas gosto de ter capacidade de decisão na minha vida diária. Mas decido quando os problemas aparecem. Não penso na decisão antes de haver o problema. A minha atitude perante as coisas novas é 1) "olha, temos ali um bairro de ciganos"; 2) "não parece ser muito bom porque são diferentes de nós"; 3) "deixa ver no que dá"; 4) "olha ainda lá estão e está tudo bem"; 5) "são diferentes de nós e aceito que assim seja".

Entretanto resolvi fazer o Political Compass outra vez. Quando fiz o teste há uns meses, tinha ficado no meio do quadrado dos libertários de direita (não fixei as coordenadas). Agora desloquei-me um nadinha para cima na escala social (libertária / autoritária) - economic left/right: 4.62; libertarian/authoritarian: -0.56. O João Miranda, o que achará disto?

sexta-feira, novembro 07, 2003

Outra coisa que se pode fazer numa noite de insónia é telefonar aos amigos que vivem noutro fuso horário (ou noutro planeta), como por exemplo, em Pequim. A minha querida amiga Nani (correspondente do bomba, se bem se lembram) continua a viver no país do Absurdo, mas não há meio de perder a lucidez. Graças a Deus.

- Nani, estou quase a despedir-te do bomba. Nunca mais escreveste nada e o teu público chama por ti.
- Deixa-me acabar a tese que depois escrevo.
- Então depois da tese já sabes: escreves de borla para o blogue.
- Pois, depois do abismo... o blogue.
E o que é que se faz numa noite de insónia? Come-se torradas com doce de laranja e faz-se um teste de personalidade.

The Big Five Personality Test
Extroverted|||||||||||||| 58%
Introverted |||||||||||| 42%
Friendly |||||||||||| 50%
Aggressive |||||||||||| 50%
Orderly |||||||||||||||| 66%
Disorderly |||||||||| 34%
Relaxed |||||||||||||| 60%
Emotional||||||||||40%
Intellectual |||||||||||||| 56%
Practical |||||||||||| 44%
Take Free Big 5 Personality Test

quarta-feira, novembro 05, 2003

As minhas desculpas à Papoilinha e ao RRP por não ter ainda respondido às perguntas sobre etimologia que ambos tão gentilmente me fizeram. Não tenho andado com paciência para as palavras. Nada que um tratamento com banhos frios não resolva.
Fico sempre comovida quando dois autores dos meus blogues favoritos se juntam para conversar. Desta vez foi o Senhor Carne que deu uma entrevista à Tasca da Cultura. Vão lá ler!

terça-feira, novembro 04, 2003

Leio no blogue da superquerida Amélia que o blogue A Memória Inventada retirou o linque para o blogue do Pipi. Oooooohhhhhh... E agora? Como vamos chegar à 33.ª edição ainda este ano sem a preciosa colaboração do A Memória Inventada? Estou tão arreliada.
Cenas da vida conjugal

- Precisamos de mais uma frase para a cinta do Pipi. Já temos duas, mas três ficava melhor.
- Hm... "O Meu Pipi já faz parte do cânone", Harold Bloom.
Cenas da vida conjugal

(Ontem, o casal luso-argentino e o gato Varandas a assistir ao Quem Quer Ser Milionário)

- Ai que a criatura não sabe que a resposta é Pierre de Coubertin!
- Giro, giro era se tivesse chegado aos 125 euros e tivesse dito que ficava por ali.

domingo, novembro 02, 2003

Anda tudo a elogiar a entrevista do Presidente da República, na RTP. Aquela parte dos palavrões incomodou-me um bocadinho, embora não tenha percebido exactamente porquê. Foi José António Lima, no Expresso, que explicou a razão do meu mal-estar: "Mas naquela que constituiu, talvez, a sua melhor entrevista como Presidente, houve um momento lamentável. Sampaio não pode, a propósito das escutas telefónicas dizer o que disse com a maior das leviandades. 'Rio-me e faço brincadeiras' (com a hipótese de estar a ser escutado). 'Agora ouçam lá o que estou a dizer. Zás! Cinco palavrões!' Quem faz as escutas é gente desprezível e sem qualificação, semelhante aos esbirros da Pide e da Gestapo como dizem alguns? Ou são funcionários públicos a mando das determinações de um juiz e num regime democrático? Já nem o Presidente da República mostra respeito pelo funcionamento das instituições judicias e das leis que ele próprio promulga?"
Calma, Mephisto! Sossegue, criatura nauseabunda. Falarei sobre mais disparates. A seu tempo. É que um disparate é pouco, mesmo que seja grande. Como é o caso do seu blogue... inteiro. E agora uma carucha para ilustrar este post ;-)
Cenas da vida conjugal

- Querida, hoje temos Pacheco e Marcelo!
- Hihá!
A solução do problema

Julgo que Ludwig Wittgenstein gostaria da criação dos smiles na Internet. Digo isto porque já Wittgenstein utilizava essas caruchas nas suas aulas para ilustrar o seguinte: “Se fosse um bom desenhador, poderia transmitir um número inumerável de expressões com quatro traços. Palavras como ‘pomposo’ e ‘imponente’ podem ser expressas através de caras. Ao fazê-lo, as nossas descrições seriam muito mais flexíveis e variadas do que o são enquanto expressas por adjectivos. (...) De facto, se queremos ser exactos, usamos um gesto ou uma expressão facial” (Aulas e Conversas, Ludwig Wittgenstein, tradução de Miguel Tamen, Cotovia).

Os smiles são, como sabem, aqueles bonequitos com um sorrisinho ou vermelhinhos raivosos ou com ar tristonho ou com um coração de lado etc. Cada expressão de cada smile tem um significado diferente e dá um aspecto ao que queremos dizer. Porque as palavras não chegam. As que utilizamos para responder a uma pergunta são as mesmas que utilizamos para responder a outra totalmente diferente. As carinhas desenhadas estão assim mais perto dos juízos do que os adjectivos.
Gostar de gostar de gostar de...

Dizemos muitos disparates diariamente. Imensos. Utilizamos muito as palavras às três pancadas porque temos problemas de pensamento, de limpeza de cabeça, de arrumação e de grande falta de espírito crítico e ainda de incapacidade de pormos em causa as frases que damos por garantidas como verdadeiras ou como aquelas que fazem sentido. Só problemas.

Tenho lido por aqui e por ali esta frase: “gosto muito de gostar”. É uma frase que ouvimos da boca de qualquer manequim ou ainda de intelectuais, de jogadores de futebol e de políticos. Mas a frase tem um problema que não é exclusivo da língua portuguesa (o verbo é transitivo em inglês, alemão, espanhol, francês e grego, por exemplo): o verbo gostar em português é regido pela preposição de. Ou seja, não podemos, por razões de sintaxe, apenas gostar. É uma frase que soa bem a muitos, dá um ar poético (ugh!) à coisa e convence os distraídos. Mas é um disparate. Sem consequências graves. Mas é um disparate.

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